Não é só uma faixa atravessada no peito. E também não é só beleza estética. Quem participa da Corte do Carnaval representa o amor ao samba e à cultura do nosso País. É mais que um título: é ziriguidum, paixão, dedicação.
Da esquerda para a direita, Pelé, Rita, Édipo, Glauce e Alexandre/Foto: Nícollas Ornelas (PMG)
A pouco mais de uma semana para os desfiles de Guarulhos, a Corte guarulhense tem uma rotina atribulada de aparições em eventos para divulgar o Carnaval. Realizado em novembro do ano passado pela Liga Independente das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Guarulhos (Liesg), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, o concurso elegeu Édipo Ricka (Rei Momo); Bárbara Janaína (Rainha); Poliana Barbosa (1ª Princesa) e Glauce Regina (2ª Princesa). Pela 18ª vez, Alexandre Nogueira foi eleito Passista de Ouro.
Com 1.81m de altura e 120kg bem distribuídos, o Momo Édipo tem mesmo postura de rei. Representante comercial, ama Carnaval, usa a coroa da grande folia pela segunda vez e só quer saber de alegria. “É fundamental ter uma Corte com sorriso, alegria, samba no pé. Com chuva ou sem chuva, vai ser muito bonito este Carnaval”, apregoa o Rei Momo.
Cabeleireira, a 2ª Princesa Glauce Regina também é conhecida da Corte guarulhense: participou três vezes e sempre esteve entre as princesas. Esguia e exuberante, quer que o guarulhense prestigie a cidade. “Desejo que este Carnaval seja melhor que os outros e que o daqui seja mais reconhecido e valorizado pelos seus próprios munícipes”, comenta.
“Sambando” o câncer
Impecável no traje, Alexandre Nogueira, Passista de Ouro, esbanja energia. E não é para menos: é apaixonado por dança e Carnaval. Nos dois dias de desfile no Taboão (6 e 7 de fevereiro), o passista (de inacreditáveis 50 anos de idade) vai trocar de roupa 17 vezes. “Minha cunhada me assessora”, revela ele, que é auxiliar de saúde e trabalha atualmente no posto do Cecap.
A familiaridade com a área, aliás, ajudou Alexandre a detectar um câncer de cérebro, há três anos. De lá para cá, foram três operações, muita fé e samba, claro. “Além de Deus, o Carnaval é um motivo para superar a doença, para continuar vencendo. O que mais amo é o Carnaval”, declara, prestes a chorar.
Corte fará performances durante os desfiles no Taboão/Foto: Divulgação
Pelo brilhantismo, já foi convidado para desfilar em escolas da Capital, mas declinou de todos os chamados. “Não quero abandonar o Carnaval da cidade. Gosto daqui e de ser reconhecido.”
Velha Guarda
A Liesg também homenageia pessoas que têm história com o samba e o Carnaval da cidade, concedendo títulos como honraria. Assim, a “realeza foliã” também conta com Rita da Silva Pinto (Embaixadora do Samba); Manoel Dionisio, o Pelé Bizuteiro (Cidadão do Samba), e dona Maria Inês (Cidadã do Samba).
Presidente do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Vila Tijuco, Rita trabalha na Proguaru há 16 anos e desde criança é persona conhecida no ziriguidum guarulhense. “É uma grande honra representar o Carnaval de Guarulhos”, diz.
Pelé Bizuteiro, hoje presidente do Bloco Filhos de Jorge, é um dos precursores do samba em Guarulhos. “Comecei a desfilar com 12, 13 anos de idade, na Império de Guarulhos”, conta.
Questionado se já sabia o traje que iria usar nos desfiles, Pelé foi objetivo, sem perder o bom humor, estampado em um sorriso: “Vou vir chique, chique no úrtimo”.
E não há dúvida de que todos estarão.
Fonte: Prefeitura de Guarulhos