Guerra entre PCC e CRBC faz homicídios na cidade aumentarem

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Guerra entre as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade) fez o número de homicídios dolosos (com intenção de matar) disparar na região metropolitana no primeiro trimestre deste ano. Em Guarulhos, foram 61 mortes contra 38 em 2016.

 

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Na Grande São Paulo, entre janeiro e março deste ano, foram 250 vítimas ante 190 no mesmo período de 2016 (alta de 31,5%). Em termos percentuais, o número de homicídios em Guarulhos subiu 60,5% no primeiro trimestre. Em Jandira, o número quadruplicou. Em Barueri e Taboão da Serra, triplicou.

 

De acordo com o delegado titular da Divisão Homicídios de Guarulhos, Wagner Terribilli, o crescimento de homicídios “tem ligação com brigas entre facções rivais”.

 

Segundo policiais civis, o perfil dos mortos é parecido: homens, jovens, negros, moradores da periferia e que têm envolvimento com tráfico de drogas ou roubo de cargas. A motivação para os crimes, de acordo com policiais, seria porque o CRBC começou a incomodar financeiramente o PCC na região metropolitana, e o PCC determinou tolerância zero contra os integrantes e simpatizantes da facção rival.

 

“Coisas”

 

O CRBC, cujos integrantes são conhecidos como “Coisas”, foi criado em 25 de dezembro de 1999 no presídio de Guarulhos e era o principal rival do PCC na briga por pontos de tráfico de drogas na região metropolitana no início dos anos 2000. “Desde sempre foi a principal oposição ao PCC”, conta o pesquisador Bruno Paes Manso.

 

Entre 2000 e 2001, quando o PCC se fortalecia dentro das prisões, havia brigas pesadas entre as duas facções, nas cadeias e nas ruas. Integrantes das facções executavam uns aos outros, mas, como o PCC sempre foi maior que o CRBC, havia mais mortes da facção menor. “Desde 2006, quando o PCC se fortaleceu e se manteve na articulação do tráfico e distribuição de drogas, ninguém tentou bater de frente. Nestes últimos 11 anos, o PCC praticamente não teve mais rivais em São Paulo, tanto nas prisões como fora”, pontua o pesquisador.

 

Há 11 anos, segundo o pesquisador, as facções perderam o interesse em brigar entre si porque o CRBC não chegava a atrapalhar grande parte do tráfico de drogas administrado pelo PCC. “O PCC ‘deixou quieto’. Houve um acordo de paz. Depois, o PCC direcionou o discurso de que os principais inimigos eram a polícia, não as facções rivais”, afirma.

 

Atualmente, integrantes do CRBC estão presos na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (611 km de SP). Lá também estão detentos da SS (Seita Satânica), Cerol Fino e ADA (facções menores, mas também inimigas do PCC).

 

Outro lado



A Secretaria da Segurança Pública do governador Geraldo Alckmin (PSDB) não se manifestou sobre a guerra de facções nem sua relação com o aumento de homicídios dolosos na região metropolitana.

 

A gestão afirma que a polícia esclareceu 13 casos de homicídio doloso em Guarulhos neste ano. “Isso resultou na prisão de sete pessoas em flagrante e de outros dez autores por mandado expedido após o trabalho de polícia judiciária”, diz. Segundo a pasta, em 2016 a Grande SP atingiu a menor taxa de homicídios desde o início da série histórica, em 2001.

 

Fonte: Click Guarulhos