Empresa ligada a esquema da Petrobras movimentará R$ 1,1 bilhão em Guarulhos

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A OAS Investimentos S.A., que vem sendo investigada na operação Lava Jato da Polícia Federal por participar de um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, movimentará R$ 1,1 bilhão em Guarulhos nos próximos anos. Isso será possível após a empresa ter vencido a disputa da Parceria Público-Privada (PPP) realizada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Guarulhos.

Por meio da Sagua (Soluções Ambientais de Guarulhos), empresa criada com o propósito específico de prestar serviços de esgotamento sanitário na área urbana do município, a meta é universalizar a coleta e o tratamento de esgoto da cidade. A Sagua já está instalada em Guarulhos e, segundo o Saae, oportunamente, quando for definida a data do anúncio do cronograma de obras, o assunto será divulgado.

 

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Dentre as ações que serão executadas pela empresa estão a operação da infraestrutura existente e ampliação dos sistemas das três Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) localizadas no São João, Bonsucesso e Várzea do Palácio. Competirá a OAS a construção de mais três ETEs sendo a primeira a ser entregue a do Cabuçu, onde já existem 7,37 km de rede e três estações elevatórias. A segunda será a ETE Fortaleza, que ganhará 1,2 km de coletor-tronco; e a última será a ETE Centro, a ser construída em uma área de 17 mil metros quadrados. Segundo a empresa, em 22 anos a cidade deverá atingir até 95% de tratamento.

Além disso, o contrato prevê ainda a possibilidade de investimentos em centrais de tratamento de água visando a produção de água de reúso para abastecer as indústrias da cidade – o que já acontece na ETE Várzea do Palácio.

 

Projeto

 

O projeto da PPP foi proposto pelo Executivo em 2012 e buscava parceiros para tratar 100% do esgoto produzido no município. O prazo de vigência da concessão administrativa é de 30 anos e o valor estimado do contrato era de R$ 1,5 bilhão. De acordo com a proposta, a meta é chegar a 2017 com 80% do esgoto tratado – conforme acordo firmado com o Ministério Público Estadual (MPE).

 

Entenda a Lava Jato

 

A Operação Lava Jato começou apurando um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. A investigação resultou na descoberta de um grande esquema de desvio de recursos da Petrobras, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

Deflagrada em março do ano passado, na primeira fase da operação foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef, apontado como chefe do esquema, e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Já em novembro, com a sétima fase da operação policial, o foco foram executivos e funcionários de nove empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobrás em um valor total de R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal.

Desde que a Operação Lava Jato ganhou corpo, a situação da OAS vem piorando a cada dia. Uma das empresas acusadas de subornar diretores da Petrobras para conseguir contratos, a empreiteira passou a receber com atraso não apenas da estatal, mas de outros órgãos do governo. Na semana passada, a Petrobras anunciou que não vai permitir a participação das 23 empresas investigadas na Lava Jato em novos projetos.

Com o presidente José Adelmário Pinheiro Filho e os principais diretores na cadeia desde novembro, o dono da OAS, César Mata Pires, nomeou novos executivos. Elmar Varjão assumiu a presidência da OAS Engenharia e Fábio Yonamine a presidência da OAS Investimentos. O grupo, que surgiu na Bahia, tem a terceira maior construtora do país.

 

OAS foi responsável pela construção do terceiro terminal do aeroporto

 

Outra obra realizada pela empresa na cidade foi a construção do Terminal de Passageiros 3 (TPS3) do aeroporto de Cumbica. Cerca de 4,5 mil funcionários trabalharam nas obras que tiveram duração de 19 meses.

No período, a OAS chegou a ser acusada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por submeter parte dos trabalhadores a condições análogas à escravidão. A primeira denúncia foi feita pelo Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil em Guarulhos ao MTE. A fiscalização visitou três casas com um total de 77 pessoas que chegaram de Pernambuco e tinham pago cada uma entre R$ 300 e R$ 400 ao aliciador pela viagem e aluguel da casa, além de uma “taxa” de R$ 100 que seria destinada a um funcionário da OAS para “agilizar” a contratação. Devido à falta de espaço muitos dormiam na cozinha e até debaixo da escada, além de não ter nenhum móvel à disposição, como colchões e eletrodomésticos na cozinha.

A OAS é uma das quatro empresas que formam o consórcio Invepar que, junto com a Airports Company South Africa, detêm 51% da sociedade com a Infraero para a administração do aeroporto.

 

Fonte: Guarulhos Hoje